A noite de 12 de Julho de 2010 foi particularmente difícil para o Rancho Folclórico dos Soutos.
Nesta noite fomos tomados de assalto por uma terrível notícia.
A nossa amiga Odete sofreu um trágico acidente de viação e não resistiu.
Nunca há grandes palavras nestas situações...
O Rancho Folclórico dos Soutos está em luto profundo e apenas nos resta utilizar este espaço para prestar uma digna homenagem a um dos elementos mais alegres e bem-dispostos do Grupo.
Numa altura em que estamos na recta final da preparação de mais um festival de folclore, este ano inserido nas comemorações dos nossos 40 anos, fomos invadidos por uma vontade inata de desistir...
Mas não podemos!
Recordamo-nos do sorriso da Odete, da sua alegria a dançar, do seu amor ao rancho e ao folclore e concluímos, NÃO PODEMOS DESISTIR!
No próximo sábado, teremos, mais uma vez, um GRANDE Festival e dedicá-lo-emos ao sorriso da nossa Odete.
Para já, aqui fica uma pequena homenagem a alguém que foi e será sempre tão importante para o Rancho Folclórico dos Soutos.
| As tuas gargalhadas ficarão para sempre nas nossas memórias. Obrigado por nos teres contagiado com elas, tantas vezes! Obrigado por teres existido nas nossas vidas! Descansa em paz, bem o mereces! Até sempre, Odete! Rancho Folclórico dos Soutos |
O Teu Riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria ,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda